segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mourinho: «Bonito é ganhar no Real»


Mourinho chegou à sala de imprensa acompanhado por Jorge Valdano, director-geral do Real Madrid, sendo apresentado oficialmente como técnico do Real Madrid para os próximos quatro anos. Cheio de «expectativa e confiança», Mourinho falou entre italiano e espanhol, respondendo por vezes em português e em inglês aos jornalistas, afirmando que o Real é «um clube único» e que «bonito, bonito, bonito não é jogar ou treinar no Real. Bonito, bonito, bonito é ganhar no Real Madrid».

Sem deixar o seu ar sério, Mourinho chegou a esboçar leves sorrisos perante as centenas de jornalistas que se acumulavam na sala de imprensa do Estádio Santiago Bernabéu. As expectativas em Espanha relativamente ao técnico português são grandes, como o prova a primeira pergunta: «Da mesma forma que disse que há jogadores que nascem para jogar no Real Madrid, acredita que nasceu para treinar o Real Madrid?», abordou inicialmente uma jornalista espanhola?
«Nasci para treinar futebol. Sou treinador e gosto dos desafios mais importantes. A minha atracção pelo Real é pela sua história, pelas suas frustrações dos últimos anos e pelas suas expectativas de ganhar. Esta é a minha atracção pelo Real: um clube único. Parece-me que para um jogador ou treinador importante não jogar ou treinar no Real é uma falha muito grande numa carreira».

Questionado sobre a saída de Pellegrini do comando do Real depois de ter feito uma época com bons resultados apesar de não ter ganho nada, Mourinho disse não ter medo de despedimentos nem sequer pensa neles e frisou a sua «auto-confiança» e «auto-estima»: «Penso que quatro anos de contrato são suficientes para ganhar, construir uma equipa com identidade, preparar futebolisticamente não só o presente mas também o futuro do Real», disse o técnico português.

Quanto aos nomes de que se tem falado, de jogadores que interessam a Mourinho, o técnico afirmou que a base do Real proveniente da época passada lhe agrada e que não será necessário proceder a grandes mudanças no plantel nem a grandes investidas no mercado, pretendendo apenas três ou quatro novos jogadores.

Mourinho agradeceu ainda a Florentino Pérez e à direcção do Real Madrid este voto de confiança, disse chegar a Madrid com «muita expectativa e muita confiança»: «Tenho muita confiança nos meus novos jogadores e tenho a esperança e a convicção que os próprios jogadores tenham confiança no seu novo treinador». Seguindo este raciocínio, Mourinho deixou o aviso: «Prometo que não mudo. Sou o José Mourinho que chega hoje ao Real Madrid, com virtudes e defeitos». Prova disto mesmo foi a resposta dada quando o questionaram sobre as críticas que fazem às suas equipas, de serem demasiado defensivas: «Em três finais europeias ganhamos as três e marcámos oito golos. Finais europeias, não em finais de taça contra equipas de terceira divisão. No Inter jogava habitualmente com cinco jogadores de pendor ofensivo mas defendíamos bem. Porquê? Porque o treinador é um grande treinador».

Os primeiros passos ao serviço dos merengues vão ser a «fazer muitas perguntas, falar o menos possível, perceber a realidade do novo clube e diagnosticar». «Acho que diagnosticar é mais importante do que decidir e é diagnosticar que quero. Tentar perceber bem as coisas com as pessoas que conhecem bem o clube e mudar, adaptar algumas coisas em função do meu modo de trabalhar. Mas que ninguém pense em transformações radicais, vamos simplesmente pensar em pequenas adaptações», declarou o técnico, planeando, mas pensando a curto prazo: «Construir o presente e construir o futuro. Não precisamos de muito tempo para construir uma equipa, parece-me que o segundo ano de trabalho é o mais importante», dando como exemplos o seu trabalho no FC Porto e no Inter. Recusando-se a particularizar, Mourinho considerou Cristiano «uma referência do futebol mundial, não só do Real Madrid» mas frisou que «o segredo» das suas equipas «é o colectivo e não o individual»: «Somos muito pequenos, eu treinador e os jogadores, para a grandeza do Real Madrid. Temos que trabalhar como grupo». Neste sentido, questionado sobre Raul, Mourinho mostrou como gere as questões de balneário: «Já falei com Raul esta manhã, não perdi tempo. Tomei o pequeno-almoço em Valdebebas, o Raul estava a treinar e já falei com ele. Entre treinador e jogador a imprensa não entra».

Acusado muitas vezes de ser arrogante e até provocador, Mourinho negou afirmou-se, apenas, um técnico: «Sou treinador, nada mais. Sou um treinador que trabalha em grupo, que trabalha com muita gente, que sempre diz que é fundamental a qualidade das pessoas q trabalham comigo. Um treinador sem uma grande estrutura não é um grande treinador. E eu quero sempre ter os melhores para trabalhar comigo». Ao seu estilo, Mourinho remata: «Não sou um provocador, sou um trabalhador».

Depois de ter garantido o acesso à final da Champions em pleno Camp Nou, estádio do Barcelona, principal rival dos merengues e de até já ter passado pelo banco dos catalães enquanto adjunto de Bobby Robson, Mourinho deixou o aviso de não ser «anti-barcelonista», como já o têm apelidado em Espanha: «Não sou anti-barcelonista. Sou treinador do Real e preocupa-me o Real Madrid e não o Barcelona».

Mourinho deixou ainda uma mensagem aos jogadores e ao grupo do Inter de Milão, desejando-lhes os maiores sucessos «à excepção da Champions».

No final da conferência de imprensa, Florentino Pérez e toda a direcção do Real Madrid cumprimentaram o técnico português e ofereceram-lhe uma camisola do clube merengue com o seu nome o número 1.

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